Certamente essa quarta-feira, 25 de outubro, foi marcante para os que participaram da programação do Dia C da Ciência da Universidade Federal do Pará (UFPA). Professores e alunos interagiram e aprenderam coletivamente em diversas atividades, dentro e fora da universidade e das escolas, mostrando como a educação e a ciência fazem a diferença e podem fazer muito mais no cotidiano da nossa região e do nosso país.
Bolhas de sabão para aprender Matemática (Foto: Alan Pantoja)
O Dia C da Ciência é uma grande mobilização nacional envolvendo instituições de ensino e pesquisa buscando a valorização da educação e da ciência públicas brasileiras. Engajada neste movimento, a UFPA organizou uma programação especial com palestras, oficinas, trilhas, mostras de vídeos, exposições e visitas guiadas, promovendo o conhecimento científico para além das salas de aula e laboratórios tradicionais.
Uns dos momentos de destaque do dia foi a palestra do renomado matemático Celso Costa, da Universidade Federal Fluminense. Para iniciar a atividade, o professor usou truques de mágica, segundo ele, “para descontrair e aproximar os alunos”. De fato, os estudantes, com olhares atentos, entraram no ritmo do palestrante, que seguiu propondo desafios. “A ideia era apresentar problemas matemáticos, contados através de histórias e fazer competições entre os alunos, sendo que aquele que conseguisse acertar três respostas, ganharia um prêmio”, destacou ele. Essas questões matemáticas despertaram a atenção para o pensamento rápido e lógico, conceitos de álgebra, linguagem binária do computador e sobre a importância da leitura de livros para o conhecimento da Matemática. Além disso, o professor também mostrou com bolhas de sabão o que são as superfícies mínimas, como a Superfície Costa, por ele descoberta na década de 1980, sendo batizada com o nome do pesquisador.
A mágica da Matemática para mais de quatrocentos adolescentes (Foto: Alan Pantoja)
Saindo da rotina
Na Escola Municipal Padre Leandro Pinheiro, no bairro do Guamá, em Belém, a programação do projeto “Da rasa de açaí à garrafa de Klein: Matemática!”, coordenado pelo Prof. Marcos Diniz (ICEN e PPGCIMES-UFPA) movimentou o dia dos alunos e professores. Estudantes curiosos observavam desde cedo a movimentação da equipe do projeto e logo de manhã puderam participar da animada dinâmica “Bolhas de Sabão”, na qual é possível brincar com as formas geométricas.
Na quadra da escola, os alunos puderam fazer muitas descobertas nas exposições de objetos matemáticos, softwares educativos e objetos de ensino de Física. Nesse espaço, uma das atividades mais procuradas eram os óculos de realidade aumentada que, segundo as crianças, as transportava para um mundo virtual totalmente novo e instigante.
O encanto da realidade virtual (Foto: Alan Pantoja)
Tecnologia e objetos matemáticos (Foto: Alan Pantoja)
Aprendizados com a Matemática (Foto: Alan Pantoja)
Para a Mostra VerCiência, as salas de aula foram transformadas em cinemas com direito a sorvete e pipoca, apresentando vídeos sobre ciência e, principalmente, Matemática, para um público animado. Segundo a estudante do ensino fundamental, Érica Vitória, os objetos matemáticos e os filmes trouxeram novidades incríveis que a fizeram se aventurar em uma matéria que, por muitas vezes, achou ser difícil. “Eu nunca gostei muito de matemática, mas as brincadeiras me fizeram perceber que essa é uma matéria muito legal”, afirmou.
O audiovisual pela comunicação da ciência (Foto: Alan Pantoja)
Ainda nessa escola, foram realizadas quatro oficinas: “Colagem fractal”, “Cartões fractais”, “Jogos matemáticos” e “A Matemática na rasa de açaí”. Nesta última, ministrada pelo professor José Miguel Martins Veloso (ICEN e PPGCIMES), os alunos puderam “aprender estimativas, calculando grandes quantidades de açaí, sem contar de um a um e deduziram também o que é litro, quilograma, que muitas vezes eles usam em seu cotidiano, mas não tem esse conhecimento", explicou o professor. O grande desafio era trabalhar em equipe para descobrir quantos frutos de açaí estavam dentro da rasa.
Salas ocupadas pelas oficinas (Foto: Alan Pantoja)
Mais oficinas foram oferecidas pelo projeto “Artemática: explorando o potencial artístico da Matemática”, coordenado pela Profa. Cristina Vaz (ICEN e PPGCIMES-UFPA). Na Escola Estadual Temístocles de Araújo, na Escola Estadual João Batista de Moura Carvalho e na Escola de Aplicação da UFPA, a Arte da Matemática e a Matemática da Arte foram o tema de várias atividades bastante divertidas.
Degraus fractais montados pelas crianças da Escola de Aplicação da UFPA (Foto: Projeto Artemática)
Matemática por todo lugar
No Parque Zoobotânico do Museu Paraense Emílio Goeldi, em Belém, teve trilha com estudantes da Escola de Aplicação da UFPA e o público em geral, que puderam explorar a Matemática de forma lúdica no contato com animais, plantas, exposições e prédios históricos. A proposta da trilha, desenvolvida em parceria com o Laboratório de Comunicação Multimídia do Museu, é estimular estudantes dos ensinos básico, superior entre outros públicos, a identificar pontos de simetria em elementos da natureza e da arquitetura. Para isso, os participantes da atividade procuraram no parque os elementos simétricos sugeridos pelo perfil @simetrianomuseugoeldi no Instagram e construíram um acervo de imagens da trilha.
Simetria pela natureza em meio à cidade (Foto: Marcelo Rodrigues)
Já no Shopping Bosque Grão Pará, em Belém, a exposição “A Matemática está em tudo”, aberta desde o último dia 23, recebeu visitantes de várias escolas, além de diferentes públicos. Exposições e experimentos também puderam ser vistos em vários espaços da Universidade Federal do Pará. Centro Interativo de Ciência e Tecnologia da Amazônia (CICTA), Laboratório de Demonstrações (LABDEMON), Núcleo de Astronomia (NASTRO) e Museu Interativo da Física (MINF) abriram seus espaços no Campus do Guamá para visitas guiadas. À noite, ainda foram realizadas observações astronômicas monitoradas pelo NASTRO-UFPA.
Instituições parceiras da UFPA na programação da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia no Pará também multiplicaram a mobilização do Dia C da Ciência em outros municípios. No Instituto Federal de Educação Científica e Tecnológica (IFPA) em Castanhal, os estudantes puderam participar das oficinas de “Apropriação de multitecnologias no processo de ensino e de aprendizagem”, “Elaboração de itens ENEM”, “Matemática aplicada à Agricultura” e “Métodos numéricos aplicados em dados de coletas qualitativas e quantitativas”. Já em Vigia, a movimentação ficou por conta do Ciclo de Palestras e da oficina “A Matemática no ENEM”, organizadas pela Universidade do Estado do Pará (UEPA). Enquanto isso, a Universidade Federal do Oeste do Pará realizou, a Feira da Matemática, na Escola Estadual Waldemar Maués, em Belterra.
O conhecimento em oficinas nos municípios do Pará (Foto: Hamilton Carvalho)
Workshop abordou a Literacia Digital
A área das Humanidades também contou com programação. No auditório da Assessoria de Educação a Distância (AEDi) na UFPA, o projeto “Jovem e Consumo Midiático em Tempos de Convergência” promoveu, com apoio do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Comunicação Pública da Ciência e da Tecnologia (INCT-CPCT), o Workshop “Literacia Digital: educação para a leitura de conteúdos midiáticos” para mestrandos em Comunicação e Ensino. Foram abordados temas como as narrativas do consumo, publicidade voltada para crianças e educação para as mídias. O Workshop foi ministrado pelas professoras Mariângela Toaldo (UFRGS) e Jane Marques (USP).
Educação para as mídias no Dia C da Ciência (Foto: Marcelo Rodrigues)
O Dia C foi um dia de intensa programação, em diversos locais, reafirmando em todos o compromisso de produzir e compartilhar conhecimentos que possam fazer a diferença na vida das pessoas. Isso, em uma região como a nossa, é fundamental, diante de tantos desafios a serem enfrentados. Que os dias “C” se multipliquem!