Após temporada em São Paulo, no Farol Santander, chega a Belém a exposição SARAMAGO – os pontos e a vista, que estará em cartaz no Museu do Estado do Pará (MEP), de 15 de dezembro de 2018 a 17 de fevereiro de 2019. Com curadoria de Marcello Dantas, a mostra tem o patrocínio do Santander, por meio da Lei Rouanet.
A produção é da Magnetoscópio e a realização é do Governo Federal, por meio do Ministério da Cultura; da Fundação José Saramago; da Reitoria da Universidade Federal do Pará (UFPA) e da Cátedra João Lúcio de Azevedo Camões, I.P | UFPA, com o apoio do Governo do Estado do Pará, por meio da Secretaria de Estado de Cultura do Pará (SECULT), Sistema Integrado de Museus e Museu do Estado do Pará (MEP). O Núcleo de Inovação e Tecnologias Aplicadas a Ensino e Extensão (NITAE²), em parceria com o Cerimonial da UFPA e a Editora da UFPA (ed.ufpa) está colaborando com a produção da vernissage, que acontecerá nesta sexta-feira, 14 de dezembro.
Crédito da foto: Carol Quintanillha
A exposição é baseada na integração de quinze módulos, cada um composto de breves textos explicativos e objetos cênicos que se mesclam com a projeção de vídeos de momentos da vida de Saramago, selecionados a partir do acervo de imagens do diretor português Miguel Gonçalves Mendes, que produziu o filme José e Pilar após anos de convivência com o casal. De forma lúdica e interativa, o público terá contato com mobiliários e acessórios originais do escritor: óculos, lupa e cama, que integram o acervo da Fundação José Saramago.
Ao todo, serão aproximadamente 500m² de área expositiva, montada em seis salas do pavimento térreo do MEP. Cada módulo aborda uma dimensão da vida do escritor, como sua visão sobre a vida e a morte, lugares por onde passou e o encontro com a jornalista, escritora e tradutora espanhola Pilar Del Río, com quem se casou em 1988. No espaço destinado à cronobiografia, estarão disponíveis livros para consulta, além de fotos e vídeos, muitos deles também cedidos pela Fundação José Saramago.
Crédito da foto: Carol Quintanillha
Para Marcos Madureira, vice-presidente executivo de comunicação, marketing, relações institucionais e sustentabilidade do Santander, “o encontro do Santander com o premiado Nobel de literatura, por meio desta exposição, está atrelado à memória, um dos alicerces que dão sentido à vida. Estamos muito felizes em poder trazer essa mostra aos paraenses após exibição no Farol Santander, em São Paulo, que foi um sucesso de público, e esperamos o mesmo aqui em Belém”.
Além de ressaltar que o Pará possui uma cultura efervescente, Paulo Cesar F. de Lima Alves, superintendente executivo da rede Norte do Santander, destaca que o Estado tem grande potencial econômico. “O Pará é uma das principais regiões da estratégia de expansão dos negócios do Santander no Brasil”.
A versão da exposição em Belém apresentará o mesmo conteúdo exibido em São Paulo, com ajustes apenas na cenografia, como explica o curador, Marcello Dantas: “Essa primeira itinerância da exposição ‘Saramago, os pontos e a vista’, em Belém, apresenta um modelo diferente de desenho expográfico. Saramago foi um intenso viajante, em especial nos últimos anos de sua vida, quando a maior parte do material audiovisual da exposição foi captado. Essa natureza errante marcou nossa opção por criar um desenho que se inspira nas caixas de transporte, malas e ícones de movimento como o carro. A exposição ganha esse contorno do espírito de um homem inquieto em permanente busca por expandir o seu alcance e aliviar a dor do planeta”.
No dia 14 de dezembro, às 17h30, véspera da abertura da mostra ao público, ocorrerá a sessão de abertura da exposição, na Sala das Artes do MEP, com falas institucionais, e palestra do professor Carlos Reis, da Universidade de Coimbra. Às 19h30, haverá a visita oficial à área da exposição, seguida de coquetel e sessão de autógrafos da edição brasileira do livro Diálogos com José Saramago, de Carlos Reis, da ed.ufpa. Nos dias 14, 15 e 16 de dezembro, a Livraria da ed.ufpa estará com um estande no MEP, com diversas obras de José Saramago, com destaque para a sua produção ficcional publicada no Brasil pela Companhia das Letras.
Proposta narrativa
Com uma proposta narrativa peculiar, a exposição proporciona ao visitante um encontro com as dimensões da vida de Saramago que permearam sua produção literária. Para isso, os módulos expositivos foram organizados de forma linear, mas não cronológica, convidando o visitante a um passeio guiado pelo universo do autor. Para isso, haverá ilustrações no piso indicando o percurso de toda a área expositiva.
A ideia é que o visitante veja o mundo pela perspectiva de Saramago, reconheça seu comportamento inquieto e desassossegado frente ao mundo, ou simplesmente acompanhe o autor ao relatar memórias, devaneios e reflexões sobre a vida. Em um dos módulos expositivos, intitulado Visão, o público poderá assistir ao autor falando sobre o estado de cegueira do mundo atual. Para isso, os visitantes usarão óculos interativos que simulam o grau de miopia do próprio autor, experimentando em um primeiro momento a sensação de vista nublada e que é normalizada ao final da exibição do vídeo
Essa proposta narrativa expressa a postura inquieta de Saramago em busca do autoconhecimento. Como dito pelo autor em uma de suas obras mais festejadas, Ensaio sobre a cegueira, durante a vida deve-se buscar uma coisa que há “dentro de nós”, “uma coisa que não tem nome, essa coisa é o que somos”. Assim como nos livros do autor, cada visitante viverá uma experiência imaginativa particular, na qual realidade e literatura se mesclam e fazem cada um (re)pensar o seu papel no mundo.
O homem-escritor Saramago
Filho e neto de camponeses, José Saramago nasceu na aldeia de Azinhaga, província do Ribatejo, em Portugal, no dia 16 de novembro de 1922. Seus pais emigraram para Lisboa quando ele não havia ainda completado dois anos. Fez estudos secundários que, por dificuldades econômicas, não pode prosseguir. O seu primeiro emprego foi como serralheiro mecânico, tendo exercido depois diversas profissões: desenhista, funcionário da saúde e da previdência social, tradutor, editor, jornalista. Publicou o seu primeiro livro, o romance Terra do Pecado, em 1947, tendo estado sem publicar até 1966. Trabalhou durante doze anos em uma editora, onde exerceu funções de direção literária e de produção. Colaborou como crítico literário na revista Seara Nova. Em 1972 e 1973 integrou a redação do jornal Diário de Lisboa, onde foi comentador político, tendo também coordenado, durante cerca de um ano, o suplemento cultural daquele vespertino. Pertenceu à primeira Direção da Associação Portuguesa de Escritores e foi, de 1985 a 1994, presidente da Assembleia Geral da Sociedade Portuguesa de Autores. Entre abril e novembro de 1975 foi diretor-adjunto do jornal Diário de Notícias. A partir de 1976, passou a viver exclusivamente do seu trabalho literário, primeiro como tradutor, depois como autor. Em fevereiro de 1993 decidiu dividir o seu tempo entre a residência habitual em Lisboa e a ilha de Lanzarote, no arquipélago das Canárias (Espanha). Em 1998 foi-lhe atribuído o Prêmio Nobel de Literatura. José Saramago faleceu aos 87 anos, em 18 de junho de 2010, em Lanzarote. Sua obra é reconhecida como um dos maiores legados da literatura contemporânea.
Crédito da foto: Arquivos da Fundação José Saramago
A exposição em Belém integra o calendário oficial de celebração dos 20 anos de atribuição do Prêmio Nobel de Literatura a José Saramago, com eventos organizados pela Fundação José Saramago em parceria com entidades públicas e privadas, em Portugal e em vários outros países. As celebrações tiveram início em outubro, com a visita a Lanzarote dos Primeiros-Ministros de Portugal e Espanha, António Costa e Pedro Sánchez, e à ilha convertida em jangada de pedra ao encontro de outros continentes. Posteriormente, ocorreu o Congresso Internacional José Saramago: 20 Anos com o Prêmio Nobel, na Universidade de Coimbra, assim como foram realizadas conferências em diversos países.
As comemorações se encerram no dia 15 de dezembro, em Lisboa, com a estreia mundial da sinfonia Memorial, composta por António Pinho Vargas, que assinala os 70 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos. Com essa sinfonia, baseada em três romances de José Saramago, será lançada a proposta da Declaração Universal dos Deveres Humanos.
SERVIÇO:
Exposição “SARAMAGO – Os pontos e a vista”
Entrada franca
Local: Museu do Estado do Pará (Endereço: Praça D. Pedro II, s/n - Cidade Velha, Belém)
Funcionamento: De terça a domingo, no período de 15 de dezembro de 2018 a 17 de fevereiro de 2019.
Horários: De terça a sexta, das 10h às 17h; sábado, domingo e feriados, das 9h às 13h.